Continuando com o tema mas badalado destes últimos dias, vou aqui postar um belíssimo texto de Luis Nassif, que reitera o que havia falado ontem "Grau de investimento e Exportações, combinam ?"
É claro que ele como um excelente analista, "moe o tema" e leva nos a pensar em outras situações conseqüentes, sobre até uma suposta crise cambial.
É imperdível.
Por Luis Nassif
O "investment grade" e os dólares assustados
Confesso que fiquei como Thomas Trebat, diretor do Centro de Estudos do Brasil da
Universidade Columbia (clique aqui para ler matérias):
“Fiquei surpreso pelo timing, conceder o grau de investimento bem no meio de um ciclo econômico que está prestes a virar”, disse.
“O boom econômico brasileiro não vai durar para sempre; por causa da crise mundial, haverá queda nos fluxos de capital e nos preços das commodities, e o País voltará a ter déficit em conta corrente. A melhora foi um reconhecimento do esforço de política econômica dos últimos 12 anos, mas precisamos ver como o País vai reagir ao ambiente menos amistoso dos próximos tempos.”
Vamos entender esse imbróglio:
1. A S&P pisou feio na bola com a Argentina e Brasil, antes de 1999, ao analisar exclusivamente as contas públicas – sob a ótica de capacidade de pagar dívidas contraídas. Dançou feio porque não adianta contas públicas em ordem sem contas externas em ordem. O investidor entre com dólares, adquire reais, aplica. Na hora de sair precisa comprar os dólares para remeter. Na hipótese de uma crise cambial a pressão pelas compras provocará uma explosão nas cotações, que lhe infligirá prejuízos.
2. O Brasil não está perto de uma crise cambial, mas não está longe. A deterioração nas contas externas se dá a olhos vistos, por conta da apreciação cambial. E essa apreciação cambial é fruto do diferencial entre juros internos e externos – quanto maior, mais dólares entram, mais o real se aprecia. Com o “investment grade”esse diferencial aumenta (porque a rentabilidade do títulos soberano do Brasil no exterior diminuir, por ser considerado menor o risco); ocorrerá aumento do fluxo de dólares (muitos fundos institucionais aplicam fatias de sua carteira de acordo com o grau de investimento dos ativos); e o dólar cairá mais ainda por aqui. Portanto será um fator a mais de risco para as contas externas.
3. Os investidores entrarão com a mão no revólver (não diria o dedo no gatilho, porque ainda falta um tempo), de olho nas contas externas. Ficarão até à véspera de uma situação considerada insustentável. Depois se mandam. Futurismo? Não: análise do passado recente apenas.
Para ficar mais claro, entenda quem ganha e quem perde:
1. Ganham investidores externos, que terão mais recursos e mais diferencial de juros para ganhar, enquanto a festa durar.
2. O governo Lula, obviamente, por calar a boca dos críticos da política econômica. É óbvio que, quando vier a crise externa, os críticos passarão a criticar a política econômica e fingirão que não a apoiavam antes. A conta será toda do governo.
3. Grandes multinacionais brasileiras? Dificilmente, já que muitas delas já tinham melhor avaliação que a do Brasil.
4. Importadores em geral. Mas quem adquire bens de investimento ficará com um pé no freio, porque a deterioração das contas externas está se acelerando.
Quem perde:
1. Contas públicas. Cada dólar que entra pelo mercado financeiro está levando o Banco Central a aumentar as reservas e exige como contrapartida a colocação de títulos públicos no mercado. Essa conta é paga pelo contribuinte.
2. Exportadores, por razões óbvias.
3. As contas externas brasileiras, com a ampliação do déficit nas transações correntes.
Estamos falando do primeiro tempo do jogo.
A questão é o segundo tempo.
Numa ponta, há sinais nítidos de que o FED americano está terminando o ciclo de baixa dos juros. Assim que a economia americana demonstrar o menos sinal de recuperação, tratará de aumentar os juros e inverter a queda do dólar. O dólar voltará a se valorizar, os juros a aumentar, reduzindo os fluxos financeiros para o mundo.
Haverá efeitos sobre os preços das commodities (que hoje abrigam capitais especulativos fugindo da desvalorização do dólar) e recuperação da capacidade de importar dos EUA.
A estratégia brasileira tem sido a de substituir dólares seguros (provenientes de contas comerciais) por dólares assustados (do mercado financeiro), Quando os seguros deixarem de entrar, os assustados se assustam.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOiii fiaaa... obrigado pelos elogios ... hehehehe
ResponderExcluirconcerteza iremos "brincar" com as ações nas bolsas de valores ... hehehehe
e acho muito facil vc deslanchar ... pq eu sou horrivel em "Analise de Mercado" e bolsa de valores é pra quem manja ..
huahuahua
fiaaa Obrigado ..
bjs gatinha ...